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quarta-feira, maio 12, 2004

Filosofia na Escola

O ENSINO DA FILOSOFIA NAS ESCOLAS *

GIOVANI DRUM



O ensino da filosofia como educação reflexiva cuida do desenvolvimento das habilidades do pensamento, do senso crítico dos educandos orientado por critérios lógicos, éticos, políticos, sobre a existência. Ao mesmo tempo cria um ambiente de trabalho coletivo no qual se desenvolve atitudes de respeito mútuo, de ouvir, dialogar, trabalhar e interagir com o grupo, aprende a elaborar e a seguir regras.



Porque ensinar filosofia nas escolas hoje?

Os filósofos da Antiga Grécia eram conhecidos como amigos da sabedoria. Acredita-se que eles foram os primeiros educadores, a preocupação deles era cultivar a excelência do pensar.

Hoje em dia a filosofia soma um acúmulo de reflexões sobre fundamentos do raciocínio lógico, da ética, estética, e da política. Esse caminho aberto pelos filósofos da Antigüidade deu origem a inúmeras ciências que continuam atuantes através da filosofia das ciências, bem como, propondo novos paradigmas para pensar sobre a realidade da sociedade do século XXI.

O presente artigo tem por objetivo justificar a necessidade da inclusão do ensino da filosofia nas escolas públicas, desde as Séries Iniciais ao Ensino Médio, visto que nas particulares já está sendo adotada essa prática. Iniciar crianças, adolescentes e jovens na reflexão filosófica é cultivar o pensamento, torná-los capazes de fazer a necessária crítica aos significados da vida humana, formando adultos conscientes, e, assim despertar a criatividade que promove transformações, num futuro próximo talvez poderemos vislumbrar um mundo mais fraterno.



O pensamento é a consciência ou a inteligência saindo de si (“passeando”) para ir colhendo, reunindo, recolhendo os dados oferecidos pela percepção, pela imaginação, pela memória, pela linguagem, e voltando a si, para considerá-los atentamente, colocá-los diante de si, observá-los intelectualmente, pesá-los, avaliá-los, retirando deles conclusões, formulando com eles idéias, conceitos, juízos, raciocínios, valores. (Chauí, 1995, p. 153).



A filosofia, sendo uma educação reflexiva, cuida do desenvolvimento das habilidades do pensamento e do senso crítico dos educandos, ao mesmo tempo em que cria um ambiente de trabalho coletivo de investigação no qual se desenvolve atitudes de respeito mútuo, ouvir o outro, dialogar, trabalhar e interagir com o grupo, aprende a elaborar e seguir regras.

Através do diálogo investigativo e o pensar filosófico sobre temas de interesse da criança e do adolescente eles desenvolvem as habilidades cognitivas e comunicativas, necessárias para qualquer aprendizagem, aprendem a perguntar, e a partir da problematização despertam questionamentos e a busca de respostas que favorecem a postura crítica, reflexiva, criativa e, principalmente, situam-se no presente para construir o futuro. Essa metodologia enfatiza o processo de construção coletiva do conhecimento, o desenvolvimento de hábitos de pesquisa e investigação, familiarizando os educandos com a reflexão filosófica orientada por critérios lógicos, epistemológicos, éticos, estéticos e políticos sobre a existência humana, através da troca de experiência e da produção de trabalhos.

Portanto a filosofia é a arte de pensar sobre o mundo, pensar em nós mesmos, pensar na existência humana. Pensar na existência humana não é tarefa só do filósofo profissional, mas de cada um de nós, como Kant escreveu, “Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceito são cegas. Portanto tanto é necessário tornar os conceitos sensíveis, isto é, acrescentar-lhes o objetivo na intuição quanto tornar as suas intuições compreensíveis, isto é, pô-las sob conceitos”. (Kant, Segunda Parte da Doutrina Transcendental dos Elementos p.92).



A prática de ensinar filosofia para crianças existe há mais de 30 anos em todo o mundo, mas no Brasil apenas as escolas particulares aplicam essa disciplina. Segundo alguns educadores, os benefícios do ensino da filosofia para crianças são nítidos, elas ficam mais atentas às aulas, e até melhoram o aprendizado em outras disciplinas. Atualmente existe no Brasil uma grande demanda de profissionais formados em filosofia, e há uma nova geração se lançando no mercado. A atuação do profissional licenciado em filosofia tem duas alternativas de trabalho: no ensino e na pesquisa.

A justificativa da necessidade deste novo paradigma decorre da constatação que houve uma alteração quantitativa e qualitativa do novo público escolar do ensino fundamental e médio, do ensino público. Os alunos que hoje se interessam pelas aulas de filosofia já não são oriundos duma minoria social privilegiada. Esta disciplina deixou de ser o status de uma formação escolar que era ostentada e dirigida a uma pretensa elite social ou cultural. De um ensino filosófico fechado dirigido para a elite precisamos torná-lo um ensino filosófico aberto accessível ao futuro cidadão do povo, sim, pois o exemplo já nos deu René Descartes quando escreveu O Discurso Sobre o Método em 1637, originalmente escrito em francês. Naquela época todos os filósofos escreviam em latim que era a língua da nobreza, ele decidiu que isso devia mudar, e escreveu em francês. Para alguns pesquisadores ele foi o primeiro filósofo a usar uma língua diferente do latim, usando o francês que era a língua do povo, sua língua materna para escrever filosofia. Filosofia para o povo.

Hoje não mudou muito, grande parte dos alunos que freqüentam a escola pública é culturalmente muito mais carente do que as elites das classes abastadas, fato que por si só explica o desinteresse dos governantes em adotá-la ou torná-la obrigatória. Mesmo sendo adotada em alguns Estados, onde a lei estadual prevê a inclusão da disciplina nos currículos o deputado federal Roque Zimmermann (PT-PR) apresentou o projeto de lei 9/00, que tramitou no Senado e foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, se houvesse sido aprovado tornaria obrigatório o ensino da filosofia e sociologia, complementando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que apenas sugere o desenvolvimento de conteúdos filosóficos.

Em Santa Catarina desde 1988, existe o Centro de Filosofia - Educação para o Pensar, que, em 1990, transformou-se no Centro Catarinense de Filosofia no 1º grau, uma entidade civil, sem fins lucrativos com sede no colégio Coração de Jesus, na capital Catarinense. Projeto desenvolvido pelo professor Sílvio Wonsovicz, e seu colaborador, Abrão Yuskow, Este projeto hoje tem 37 escolas envolvidas na REDE - Educação para o Pensar, coordenada pelo Centro Catarinense, das quais 23 escolas estão no Estado de Santa Catarina (11 religiosas, 11 leigas, e 01 escola pública estadual), 07 escolas no Estado do Rio Grande do Sul (todas religiosas) e 07 escolas no norte do Estado do Paraná (01 religiosa e 06 leigas). Em torno de 2.000 professores já fizeram pelo menos 40 horas de formação no programa de filosofia para crianças, sendo que o Centro Catarinense costuma desenvolver em média 200 horas de formação, divididas em várias etapas, com os professores que aplicam o programa em sala de aula. Já foram preparados 37 monitores, formados regionalmente, que auxiliam no trabalho de formação de professores e acompanhamento do trabalho nas escolas. São em média 15.550 alunos em todas as escolas da rede tendo filosofia no primeiro grau.



Como se vê das 37 escolas apenas 01 é pública, qual percentual do total de 15.550 alunos pertence à classe do “povo” ou seja, das minorias, a “massa” que é o povo, esse estudante ávido pelo saber tem urgência precisamos dar a ele uma oportunidade, sim, a mesma oportunidade que Descartes deu ao seu povo quando fez a opção de escrever filosofia em francês contrariando as regras da sociedade burguesa parisiense do século XVI.



* GIOVANI DRUM - trabalho acadêmico do Curso de Filosofia-4ª fase da UNOESC



Bibliografia:

KANT, I. Crítica da Razão Pura. São Paulo, ed. Nova Cultural, 1996

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 3ª edição São Paulo, ed. Ática, 1995

DESCARTES,R. COLEÇÃO OS PENSADORES. Ed. Abril. São Paulo 1973